Se tem uma coisa que Bygone Dreams acerta com maestria é a sua identidade visual. O jogo é uma verdadeira obra de arte em movimento, com um estilo que mistura elementos de fantasia e surrealismo, criando um mundo que parece saído diretamente de um sonho. Os cenários são ricamente detalhados, as cores são vibrantes sem serem exageradas, e as animações fluem de maneira natural, dando vida a um universo que cativa desde os primeiros minutos. Não é exagero dizer que, em termos de direção de arte, este é um dos jogos mais bonitos que já vi nos últimos tempos, e olha que a concorrência nesse aspecto tá forte.
Mas um jogo não vive só de gráficos, certo? A trilha sonora de Bygone Dreams complementa perfeitamente a atmosfera onírica. Os temas são melancólicos quando precisam ser, épicos nos momentos certos, e sempre mantêm uma certa magia que prende o jogador. Os efeitos sonoros também são bem trabalhados, desde o som dos passos no chão até o impacto dos golpes durante o combate. Dá pra perceber que houve cuidado na ambientação, e isso faz toda a diferença na imersão.

Agora, vamos falar da jogabilidade, e é aqui que as coisas ficam um pouco mais complicadas. Bygone Dreams se apresenta como um action-RPG com influências de Soulslike, e até certo ponto, ele entrega. O combate é em tempo real, com esquivas, ataques pesados e leves, e a necessidade de ler os padrões dos inimigos. O sistema de armas é interessante, especialmente o uso do cajado e do arco, que dão um dinamismo legal às lutas. O primeiro chefe, por exemplo, é desafiador no bom sentido, exigindo estratégia e paciência, e a sensação de superá-lo é muito recompensadora.
Porém, nem tudo são flores. O jogo peca em alguns detalhes que, se ajustados, fariam uma diferença enorme. O escudo, por exemplo, é quase inútil, bloquear ataques ainda causa dano considerável, o que tira um pouco o incentivo para jogadores que preferem um estilo mais defensivo. Outro ponto é a mana, que não regenera automaticamente, tornando algumas sequências de exploração ou combate prolongado mais frustrantes do que deveriam. Além disso, a falta de um hitbox mais preciso em algumas armas pode levar a situações onde o jogador sente que acertou um golpe, mas o inimigo não sofreu dano—ou pior, o contrário acontece.

E não dá pra ignorar os problemas de direcionamento. Bygone Dreams joga o jogador no mundo sem muita explicação, e isso pode ser tanto um charme quanto um defeito, dependendo do gosto de quem está com o controle nas mãos. O tutorial é minimalista, exigindo que o jogador interaja com espíritos flutuantes para receber dicas, o que rapidamente se torna cansativo. Um sistema mais orgânico, com dicas contextuais ou até mesmo um diário de objetivos, ajudaria muito a evitar aquela sensação de “o que eu devo fazer agora?”. Algumas áreas do mapa também são muito parecidas, o que pode causar confusão na navegação.
A narrativa, por outro lado, é um dos pontos altos. Bygone Dreams não é um jogo que entrega sua história de bandeja, ele constrói seu mundo através de ambientação, detalhes sutis e uma progressão que incentiva a exploração. Se você está procurando um enredo denso com diálogos marcantes, pode se decepcionar, mas se curte histórias contadas através do ambiente e do clima, vai se sentir em casa. O jogo tem uma aura melancólica e poética que lembra títulos como Journey ou Hollow Knight, mas com uma identidade própria.
Agora, sobre os bugs, sim, eles existem, e alguns são bem incômodos. Durante minha jogatina, encontrei um problema onde o HUD simplesmente não aparecia no início, deixando-me completamente perdido até conseguir a primeira arma. Outros relatos também mencionam travamentos em cutscenes e colisões mal ajustadas em certas partes do mapa. Nada que impeça a progressão completamente, mas são falhas que tiram um pouco do brilho da experiência.

Veredito Final: Vale a Pena?
Bygone Dreams é um jogo que claramente foi feito com amor, mas sofre com alguns problemas de polimento. Seus visuais são deslumbrantes, sua trilha sonora é imersiva, e o combate, apesar de algumas falhas, é satisfatório quando funciona bem. No entanto, a falta de direcionamento, alguns sistemas mal ajustados e bugs ocasionais podem afastar jogadores que preferem uma experiência mais refinada.
Se você é do tipo que valoriza atmosfera acima de tudo e não se importa em superar algumas adversidades técnicas, Bygone Dreams pode ser uma jornada memorável. Agora, se você busca um action-RPG extremamente polido e com um combate impecável, talvez seja melhor esperar por atualizações. No fim das contas, é um jogo que tem coração, mas ainda precisa de um pouco mais de trabalho para brilhar de verdade.
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