Se tem uma coisa que todo fã de ARPG e roguelite deveria fazer, é dar uma chance a Hellclock. Esse jogo indie brasileiro consegue algo raro: misturar uma temática histórica pesada com mecânicas viciantes de ação e RPG, tudo envolto em uma estética que beira o macabro, mas sem perder a identidade única do sertão nordestino. Inspirado claramente em grandes nomes como Path of Exile e Hades, Hellclock não só honra suas influências como também cria uma experiência própria, cheia de personalidade.
Uma História que Mistura Ficção e Realidade
A narrativa de Hellclock se passa durante a Guerra de Canudos, um dos episódios mais brutais da história do Brasil. O jogo coloca o jogador no papel de Pajéu, um guerreiro empenhado em resgatar a alma de Antônio Conselheiro, líder espiritual de Canudos, que foi massacrado pelas forças republicanas. A cada tentativa falha, o tempo retrocede, e o jogador volta mais forte, enfrentando hordas de criaturas sobrenaturais que representam os horrores da guerra.

A abordagem narrativa é interessante porque mistura elementos reais com fantasia sombria. Os diálogos são carregados de emoção, e a dublagem em PT-BR é impecável, usando expressões regionais que dão ainda mais profundidade aos personagens. Não é todo dia que um jogo brasileiro mergulha de cabeça em um tema histórico com tanta ousadia, e isso por si só já vale a atenção.
Gameplay Fluida e Profundidade de Builds
Quem já jogou Path of Exile vai se sentir em casa. Hellclock é um ARPG puro, com foco total em criação de builds, combate ágil e progressão baseada em tentativa e erro. O sistema de habilidades e equipamentos é bem elaborado, permitindo combinações variadas – uma build bem-feita pode facilitar muito a jornada, enquanto uma mal otimizada vai deixar o jogador sofrendo contra inimigos mais resistentes.
Um dos diferenciais é o sistema de relógio, que pode ser ativado ou desativado a qualquer momento. Quando ligado, ele adiciona um limite de tempo para cada run, aumentando o desafio. Já se preferir explorar os mapas com calma, basta desativá-lo. Essa flexibilidade é um acerto, pois atende tanto aos fãs de roguelite hardcore quanto aos que preferem um ritmo mais casual.
A campanha principal é dividida em três atos, cada um com seus próprios cenários, inimigos e chefes. Os bosses são bem marcantes, alguns com mecânicas desafiadoras que exigem atenção aos padrões de ataque. A variedade de inimigos também ajuda a manter o combate fresco, evitando aquela sensação de repetição que alguns jogos do gênero acabam caindo.

Visual que Une o Sertão e o Sobrenatural
Hellclock não brilha só na jogabilidade – seu visual é outro ponto alto. O jogo consegue capturar a atmosfera árida do sertão, mas com uma pegada sombria que lembra jogos como Darkest Dungeon. Os cenários são ricos em detalhes, e os designs dos inimigos variam desde soldados espectral até criaturas deformadas.
Os efeitos de luz e sombra são bem trabalhados, especialmente em combate, onde habilidades explosivas e ataques especiais ganham destaque. Não é um jogo com gráficos ultra-realistas, mas a direção de arte é tão bem executada que compensa qualquer limitação técnica.
Trilha Sonora e Dublagem Imersivas
O áudio é outro aspecto que merece elogios. A trilha sonora mistura instrumentos regionais com tons sinistros, criando uma ambientação perfeita para o clima do jogo. Mas o grande destaque mesmo é a dublagem em português, que não só é de altíssima qualidade como também usa expressões e sotaques típicos do Nordeste.
Cada fala, por mais curta que seja, contribui para a imersão. Dá pra sentir o peso das palavras de Pajéu, a angústia dos personagens secundários e até a crueldade dos inimigos. Em um mercado dominado por dublagens em inglês, Hellclock prova que produção nacional pode – e deve – ser valorizada.

Conclusão: Vale a Pena? Com Certeza.
Em termos técnicos, Hellclock é um jogo muito bem executado. A jogabilidade é viciante, a progressão de builds é satisfatória, e a narrativa consegue ser envolvente. A estética sombria e a trilha sonora complementam perfeitamente a experiência, criando um pacote coeso e memorável.
Para fãs de ARPG e roguelite, é uma recomendação fácil. Quem gosta de Path of Exile ou Hades vai encontrar aqui uma proposta diferente, mas igualmente cativante. E para os brasileiros, é uma oportunidade rara de jogar algo que não só tem qualidade técnica, mas também resgata um pedaço importante da nossa história de uma forma criativa.
Nota final? Hellclock não é só um bom jogo brasileiro – é um ótimo jogo, ponto. Quer desafio? Tem. Quer builds complexas? Tem. Quer uma história que foge do lugar-comum? Tem também. Se você curte o gênero, não tem desculpa pra não experimentar. Recomendadíssimo.
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