A guerra eterna pelo universo de Warhammer 40,000 retorna com Dawn of War – Definitive Edition, um pacote que promete trazer o clássico RTS da Relic Entertainment para a era moderna. Esta não é uma reinvenção ou uma reimaginação, mas sim uma tentativa de preservar e polir um jogo que já era excelente em seu núcleo. Para fãs de longa data e talvez até para novos recrutas do Imperador, a pergunta que fica é: esta edição definitiva honra o legado do original ou é uma heresia digital?
Vamos começar falando dos gráficos, que são provavelmente a mudança mais imediatamente perceptível. A jogada mais inteligente aqui foi não tentar reinventar a roda. Os modelos das unidades e os cenários foram tratados com upscaling de texturas, resultando em uma imagem muito mais nítida e limpa do que a versão original de 2004, especialmente em monitores de alta resolução e wide-screen. A nova iluminação também merece destaque, dando mais profundidade e atmosfera aos campos de batalha devastados de planetas como Tartarus e Kronus.

No entanto, é aqui que encontramos o primeiro grande “mas”. O processo de upscaling, em muitos casos, cheira muito a automação por IA. O resultado é irregular. Alguns detalhes, como os símbolos em armaduras e estandartes, aparecem com artefatos estranhos – aquilas imperiais com cabeças a mais e círculos que não fecham direito são alguns exemplos. Os retratos das unidades, um charme do original, foram particularmente afetados em alguns casos, com algumas faces parecendo… bem, perturbadoras, para ser gentil. As cutscenes pré-renderizadas também sofreram com esse processo e não apresentam a melhoria de qualidade que se esperaria.
No campo do som, a filosofia foi claramente “não mexa em time que está ganhando”. A trilha sonora épica e marcial, os efeitos sonoros icônicos das armas – do estalo dos bolters ao zurrar das armas shuriken dos Eldars – e as vozes das unidades estão absolutamente intactos e soam tão bons quanto sempre foram. Não há nada a reclamar aqui; é uma campeonato de nostalgia auditiva. As falas como “SPESS MEHREENS”, “We are the hammer!” e “For the Emperor!” ecoam perfeitamente, mantendo todo o espírito exagerado e glorioso do universo 40K.

A jogabilidade é onde Dawn of War sempre brilhou, e a Definitive Edition não estraga a fórmula. O combate frenético, focado na captura de pontos estratégicos para gerar recursos, permanece incrivelmente viciante e único. A grande melhoria técnica aqui, e talvez a mais importante de todo o pacote, é o novo sistema de pathfinding (busca de caminho). Unidades, especialmente veículos maiores, ficam muito menos presas em obstáculos do mapa, um problema crônico e frustrante na versão original. A capacidade de finalmente dar zoom out significativo na câmera é outra adição bem-vinda, permitindo uma melhor visão tática do campo de batalha. A atualização para um motor 64-bit é um presente silencioso, mas monumental. Isso elimina os gargalos de memória RAM do jogo antigo, tornando-o muito mais estável, especialmente em batalhas de larga escala com múltiplos jogadores, e abre as portas para que a comunidade de modders crie coisas verdadeiramente selvagens e ambiciosas sem as limitações técnicas do passado.
Quanto à história, nada foi alterado. Esta edição inclui as campanhas base do jogo original e de todas as suas expansões (Winter Assault, Dark Crusade e Soulstorm). A narrativa do primeiro jogo, focada no Capítulo Blood Ravens e no misterioso planeta Tartarus, continua sendo uma das melhores campanhas da franquia. Dark Crusade introduziu um modo campanha estratégico não-linear fantástico. A história é a mesma de sempre, o que é ótimo, pois era excelente. No entanto, é importante notar que muitos dos bugs de script antigos das missões e cutscenes persistem. Cenas onde unidades fazem ações estranhas (como Marines tentando atacar tanques Orks corpo a corpo) e crashes raros em missões específicas ainda podem ocorrer, o que sugere uma falta de polimento profundo no código original.

Conclusão: Vale a Pena?
*Warhammer 40,000: Dawn of War – Definitive Edition* é um caso clássico de “quase lá”. Ela acerta onde mais importa: na jogabilidade sólida e nas melhorias técnicas cruciais como pathfinding, suporte a resoluções modernas e a atualização 64-bit. No entanto, tropeça na falta de cuidado com o upscale de texturas e na persistência de bugs antigos que poderiam ter sido corrigidos.
Esta não é uma remasterização no nível de Age of Empires II: Definitive Edition, que adicionou conteúdo novo e um polimento extremamente caprichado. É, essencialmente, um belo e funcional “HD Edition”. A chave para a recomendação final está no preço e na expectativa. Pelo custo relativamente baixo, especialmente para aqueles que já possuem os jogos originais e recebem um desconto, é uma proposta de valor decente. É o Dawn of War que você ama, um pouco mais bonito e muito mais estável, com um futuro brilhante para mods.
Se você é um fã do original, quer reviver as campanhas com melhor desempenho ou anseia por mergulhar em uma cena de mods revitalizada, esta é uma compra fácil. Apenas não espere uma revisão completa e meticulosa de cada asset. Mas se você está procurando uma experiência completamente reformulada, com novos conteúdos e animações refeitas, pode acabar se decepcionando. No final, para qualquer fã de RTS ou do universo 40K, este jogo continua sendo uma recomendação sólida – só gerencia suas espectativas em relação ao nível de aperfeiçoamento visual. A guerra nunca mudou, e isso é, ao mesmo tempo, seu maior elogio e sua crítica mais evidente.
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