Super Robot Wars Y chega como o mais recente capítulo da longa série de RPGs táticos da Bandai Namco, trazendo um elenco massivo de mechas icônicos de décadas de anime em uma experiência que é tanto uma celebração nostálgica quanto uma tentativa ambiciosa de modernização. Desenvolvido com uma nova engine (Unity) após um hiato de quatro anos desde o último título principal, o jogo promete refinamentos narrativos e técnicos significativos. Mas será que consegue entregar uma experiência à altura de sua rica herança? Vamos mergulhar nos detalhes.
Gráficos: Transição em Andamento
Visualmente, Super Robot Wars Y é um jogo de contrastes. A mudança para a engine Unity trouxe melhorias notáveis em alguns aspectos, como os cenários de batalha, que agora apresentam terrenos mais detalhados e complexos, com aumento geral na riqueza visual. No entanto, a transição de sprites 2D tradicionais para modelos 3D CG em alguns unidades novas é irregular. Enquanto sequências de ataque como o Twin Buster Rifle do Wing Zero combinam quadros desenhados à mão com modelos 3D para um efeito impressionante, outras animações, como as do Getter Arc e Dynazenon, podem parecer rígidas e menos fluidas que as dos jogos anteriores.
A interface do usuário (UI) foi completamente reformulada, com um design mais limpo e minimalista que divide opiniões. Alguns acham mais acessível para jogadores novatos, enquanto outros criticam a perda de funcionalidade e a estranha disposição de elementos críticos, como a seleção de armas no canto superior direito, que exige constante movimento ocular e atrapalha a imersão. A apresentação visual dos segmentos de novel visual, no entanto, melhorou, com maior uso de CGs personalizadas, efeitos visuais e dicas de som, adicionando profundidade às cenas narrativas.
Som: Uma Sinfonia Nostálgica
Aqui, Super Robot Wars Y brilha intensamente. A trilha sonora é uma celebração poderosa das séries representadas, com arranjos instrumentais bem produzidos e a opção de usar as músicas temáticas originais dos animes (via DLC de música premium). Os efeitos sonoros — desde o estrondo de mísseis até o zumbido de sabres de energia — são satisfatórios e autênticos, respeitando as fontes originais.
A dublagem japonesa é excelente, com performances que capturam perfeitamente a personalidade de cada personagem, desde as declarações bombásticas de Domon Kasshu (G Gundam) até a determinação vacilante de Echika. A inclusão de sistemas de BGM personalizado no PC e PS5 (embora não no Switch) permite que os jogadores personalizem ainda mais a experiência auditiva, embora a implementação no PC sofra com problemas de looping.
Jogabilidade: Evolução Tática com Alguns Tropeços
Super Robot Wars Y mantém a fórmula clássica de RPG tático baseado em grid. Você move unidades, gerencia recursos como HP, EN (Energia) e Morale, e desencadeia ataques espetaculares. O grande destaque em termos de novidade mecânica é o sistema de Assistência, que substitui sistemas anteriores como ExC e Supporters. Personagens não-combatentes podem ser atribuídos como tripulação de assistência, fornecendo bônus passivos ou habilidades ativáveis (como cura em área ou recuperação de EN) que consomem Pontos de Assistência acumulados ao destruir inimigos. Estes personagens ganham XP e evoluem, adding uma camada adicional de personalização e estratégia de longo prazo.
Outra adição significativa é o sistema STG Memory, uma árvore de habilidades onde você gasta MxP (ganho em missões) para desbloquear melhorias para toda a equipe, como aumento de EXP, bônus de stats ou redução de custo de energia para barreiras. A capacidade de reespecificar livremente é um toque bem-vindo.
A estrutura de missão herdada de Super Robot Wars 30 foi refinada. Um fluxograma visual ajuda a navegar entre missões principais, secundárias opcionais (que muitas vezes desbloqueiam unidades adicionais) e missões de desafio. A dificuldade no modo Normal é considerada mais desafiadora que em títulos recentes, com inimigos mais precisos e com mais poder de fogo, e missões que introduzem variedade através de condições especiais, como ambientes subaquáticos ou nuvens de poeira vermelha que reduzem a precisão.
No entanto, a jogabilidade é prejudicada por problemas de interface persistentes. A seleção de armas e comandos espírita (Spirit Commands) está posicionada de forma inconveniente no lado direito da tela. Os fluxos de trabalho para salvar/carregar e pular animações são inexplicavelmente mais complicados do que em jogos anteriores, exigindo mais cliques e levando a erros acidentais. Estas escolhas de UI, que alguns especulam serem influenciadas pelo design para mobile (como em Super Robot Wars DD), dificultam a experiência em consoles e PC.
História: A Maior Força do Jogo
Super Robot Wars Y se destaca narrativamente onde seu predecessor, o 30, tropeçou. A história se passa no rescaldo do “Zero Requiem” de Code Geass (a morte do Imperador Lelouch), um evento que serve como um ponto de partida cohesionador para o mundo, afetando facções da Terra e do espaço. A narrativa original gira em torno de Echika Y. Franburnett, uma jovem de 14 anos que herda a liderança do A. Advent, um Estado-cidade móvel com uma fonte de energia aparentemente ilimitada.
A jornada de Echika para usar o A. Advent para fornecer energia e auxiliar na reconstrução global é uma narrativa anti-guerra comovente. Sua inocência e crescimento perante realidades cruéis são centrais para o tema. Ela é acompanhada pelos protagonistas originais Cross ou Forte (escolhido pelo jogador), membros da organização ninja de codinome NINJA.
A grande força da narrativa está na forma como as séries cruzadas são tecidas na trama principal e umas com as outras. Diferente de 30, onde as histórias pareciam isoladas, aqui as interações são ricas e significativas. Personagens de universos diferentes compartilham histórias, treinam juntos e formam relações genuínas — como Shinn Asuka (Gundam SEED Destiny) sendo mentorado (e irritado) por Domon Kasshu (G Gundam), ou as fadas Chum (Dunbine) e Lilis (Heavy Metal L-Gaim) temporariamente trocando de protagonistas. A história é apresentada com mais CGs e efeitos visuais durante os segmentos de novel visual, elevando a qualidade da apresentação em relação aos jogos anteriores.
Conclusão: Uma Recomendação Sólida com Ressalvas
Super Robot Wars Y é, em muitos aspectos, o melhor jogo da série em anos. Sua narrativa cohesionada e bem escrita, combinada com personagens originais cativantes e interações crossover excepcionais, representa um avanço significativo em qualidade em relação ao Super Robot Wars 30. As adições de jogabilidade, como o sistema de Assistência e a árvore STG Memory, são bem-vindas e adicionam profundidade estratégica.
No entanto, a experiência é manchada por uma interface do usuário notadamente pior, que introduz frustrações desnecessárias em funções básicas. A transição visual para modelos 3D também é irregular e pode desagradar aos fãs mais afeiçoados aos sprites 2D tradicionais da série.
Apesar dessas falhas, a jornada geral é gratificante. A qualidade sonora é impecável e a jogabilidade central de RPG tático permanece sólida e viciante.
Recomendo Super Robot Wars Y? Sim, recomendo, mas principalmente para:
- Fãs de longa data da série Super Robot Wars.
- Entusiastas de mecha anime que desejam ver seus personagens e robôs favoritos interagindo em uma narrativa bem construída.
- Jogadores de RPGs táticos que valorizam mais a história e a customização do que desafios táticos extremamente difíceis.
Se você pode olhar além dos problemas de UI e apreciar a amplitude e ambição deste crossover mecânico, Super Robot Wars Y oferece dezenas de horas de entretenimento gratificante. É um testemunho do apelo duradouro da série e um passo promissor — embora um pouco instável — em sua evolução contínua.
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