Chegou a hora de botar a mão na massa, ou melhor, na vassoura e no balde… ou melhor ainda, no slime e na forquilha! Se você, como eu, é daqueles que encontrou uma estranha paz de espírito em jogos como Viscera Cleanup Detail, prepara-se porque Goblin Cleanup chegou para trazer essa terapia caótica para um universo de fantasia. A premissa é deliciosamente simples: você é um goblin, um funcionário da limpeza pós-batalha, encarregado de deixar impecáveis masmorras, salões de castelos e cavernas que foram palco de confrontos épicos. Sangue, ossos, poções quebradas e restos de armas são seu novo desafio.
A primeira impressão é a que fica, e a minha foi extremamente positiva. Os gráficos de Goblin Cleanup optam por um estilo estilizado e colorido, que combina perfeitamente com o tom mais leve da proposta. Não espere o realismo visceral (com perdão do trocadilho) do seu predecessor inspirador. Aqui, os cenários são cheios de personalidade, com texturas que lembram um livro de fantasia ilustrado. Os detalhes são bem pensados; cada sala conta uma pequena história da batalha que aconteceu, e a sujeira, embora abundante, não chega a ser repulsiva. A performance é sólida, não enfrentei quedas de frame rate ou travamentos, o que é essencial num jogo que exige precisão nas tarefas. A opção de ter uma câmera em terceira pessoa é um acerto tremendo da equipe, não só por uma questão de preferência, mas por inclusão, permitindo que jogadores que sofrem com motion sickness em primeira pessoa também possam aproveitar a experiência.

A jogabilidade é o coração de Goblin Cleanup, e ela é, em sua essência, a mesma fórmula que fez sucesso em VCD, mas com refinamentos e uma pitada de magia. A rotina básica é familiar: identificar a sujeira, recolher os pedaços maiores, limpar manchas de sangue e descartar tudo corretamente. A grande mudança começa nas ferramentas. Em vez de um balde e esfregão, você tem uma forquilha e… slimes. É isso mesmo. Você espeta um slime inerte com a forquilha e ele se transforma numa espécie de esfregão mágico e vivo. Quando o slime fica saturado de sangue, você o alimenta a um Mimic, que substitui as incineradoras de lixo biológico. É um sistema charmoso e temático que funciona muito bem.
Uma adição técnica importante é o sistema de mana. Vários dispositivos pelo cenário, como fontes d’água para limpar seu esfregão, exigem que você gerencie um recurso de mana para ativá-los. É um pequeno layer de estratégia que impede que a limpeza seja totalmente automática. Outra melhoria de qualidade de vida fantástica é o rastreador de progresso in-game. Diferente de outros jogos do gênero onde você fica na dúvida se faltou algo, Goblin Cleanup oferece uma lista de verificação para cada área do nível, garantindo que você possa alcançar os 100% de conclusão sem surpresas. A magia de escaneamento, que substitui o “cheira-sangue” de VCD, é mais intuitiva e ajuda a localinar rapidamente os últimos resquícios de sujeira.

No entanto, nem tudo são flores… ou slimes limpos. Um ponto que precisa ser mencionado é a ausência de um localizador de objetos específico. Em certos mapas, como o nível esquelético mencionado por outros jogadores, itens pequenos como ossos podem cair em lugares de difícil visão ou, em casos mais raros, atravessar o chão. Um mecanismo para pingar objetos específicos perdidos seria uma adição bem-vinda em atualizações futuras. Falando em áudio, a sonoplastia é competente. Os sons ambientes das masmorras são imersivos, e os efeitos sonoros das tarefas de limpepa – o esfregar, o recolher – são satisfatórios. A trilha sonora é discreta, não atrapalhando o ritmo relaxante do jogo, perfeita para colocar um podcast ou uma música de fundo enquanto se dedica às tarefas.
Um dos aspectos mais legais de Goblin Cleanup é o seu sistema de progressão e customização. Conforme você completa níveis e tarefas, ganha EXP e sobe de nível, desbloqueando cosméticos. A surpresa positiva é que o jogo já oferece uma customização de personagem bastante robusta na versão atual. Você pode gastar os “tickets”, moeda obtida ao concluir missões e encontrar segredos, para comprar novos visuais para seu goblin. É um ótimo incentivo para a rejogabilidade e para se exibir para os amigos no modo cooperativo. Sim, o jogo suporta multiplayer, e aí a diversão (e a bagunça) multiplica. A estupidez coletiva pode atrasar o serviço, mas garante boas risadas.
Sobre a história, Goblin Cleanup não se aprofunda muito. A premissa é a sua história: você é um goblin da limpeza. A narrativa é ambiental, contada através dos cenários que você restaura. Não há um arco dramático, e isso está absolutamente de acordo com o propósito do jogo. A promessa é de um jogo casual e relaxante, e ele entrega exatamente isso.

Em conclusão, Goblin Cleanup é uma evolução bem-sucedida de um nicho muito específico. Ele pega a fórmula de Viscera Cleanup Detail, simplifica alguns aspectos de forma inteligente (como a remoção das latas de lixo biológico), adiciona camadas de progressão significativas e embala tudo num universo de fantasia adorável. A jogabilidade é viciante, os gráficos são charmosos e a opção de cooperativo adiciona um enorme valor. Claro, há espaço para melhorias, como a adição de um localizador de objetos e o polimento de alguns colisores em certos mapas, mas o núcleo do jogo já é extremamente sólido e divertido.
Portanto, a recomendação é clara: se você busca um jogo para descontrair, sozinho ou com amigos, e a ideia de uma limpeza terapêutica num mundo de fantasia soa appealing, Goblin Cleanup é uma compra mais do que recomendada. É um daqueles jogos que você coloca para jogar sem grandes pretensões e, quando percebe, já se passaram horas. Um ótimo trabalho da equipe de desenvolvimento, que promete crescer ainda mais durante o período de acesso antecipado. Vale cada ticket investido.
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