Desembarcar no mundo de Echoes of the End é uma experiência de contradições. Desde os primeiros momentos, fica claro que se trata de um projeto ambicioso, nascido de um estúdio com uma visão grandiosa, mas que talvez tenha tropeçado justamente na complexidade de sua própria ambição. Esta review vai se aprofundar nos aspectos técnicos Echoes of the Ende de design que definem a experiência, desde os gráficos deslumbrantes até os problemas de performance que podem frustrar até os jogadores mais pacientes.

Começando pelo que é, inquestionavelmente, o ponto alto absoluto do jogo: os gráficos. Echoes of the End é visualmente deslumbrante. A utilização da Unreal Engine 5 é, na maior parte do tempo, magistral. Os cenários são ricos em detalhes, com texturas de altíssima resolução que conferem uma sensação de peso e realismo ao mundo. As vistas são, de fato, de tirar o fôlego, com a engine sendo empurrada ao limite para criar paisagens épicas e memoráveis. A iluminação global e os efeitos de partícula, especialmente em momentos de uso de magia, são espetaculares. No entanto, essa beleza não é isenta de pecados. É possível observar, com certa frequência, problemas de clipping. A arma nas costas da protagonista constantemente atravessa seus cabelos, e em movimentos mais bruscos, partes do modelo podem penetrar na geometria do ambiente. Alguns efeitos, como o fogo, parecem usar loops de animação inconsistentes, quebrando a imersão em momentos cruciais. Há também uma certa grinalidade na imagem quando tecnologias como DLSS estão desativadas, o que pode ser ajustado nos settings, mas é um ponto de atenção.

Infelizmente, a beleza visual esbarra de frente em um dos maiores calcanhares de aquiles do jogo: a performance. Este é, talvez, o aspecto mais técnico e problemático. Em um PC de alto desempenho, com configurações no Epic, o jogo roda, mas não de forma consistentlye suave. O problema mais flagrante são os stutters durante a travessia do mundo e o carregamento de novos objetos. Essas breves pausas são, muito provavelmente, uma questão herdada dos desafios de streaming de dados da UE5, onde o motor struggle para carregar e descarregar informações complexas dos níveis em tempo real. Esses stutters não são meramente um incômodo visual; eles impactam diretamente a jogabilidade, podendo resultar em mortes injustas durante sequências de plataforma precisas ou combates intensos. É importante notar que, para alguns usuários, esses problemas de performance parecem amenizar significativamente após a primeira hora de jogo, mas a experiência inicial pode ser bastante irregular.
A jogabilidade é onde as contradições de Echoes of the End se tornam mais evidentes. O jogo se propõe a oferecer uma mobilidade complexa, com parkour, pulos e escaladas que remetem a clássicos do gênero. No entanto, a execução é, nas palavras de muitos, clunky. O movimento base do personagem pode parecer desengonçado e desarticulado. Animações de caminhada e corrida não transmitem a fluidez esperada, e há relatos de que, com uma leve pressão no analógico, o personagem pode deslizar sem nem mesmo animar os passos. A tração com o terreno é fraca, resultando em uma sensação de floatiness que desconecta o jogador do mundo. A câmera é outro ponto crítico. No modo padrão, seu acompanhamento é lento e pouco intuitivo, exigindo uma micromanagement constante que cansa. No modo de lock-on, ela funciona melhor para o combate corpo a corpo, mas prende o jogador em um círculo muito apertado em torno do inimigo, limitando a percepção espacial.

Felizmente, o combate é uma mecânica que evolui positivamente. Nos primeiros encontros, pode parecer simples e até mesmo rudimentar, mas com o passar das horas e o desbloqueio de novas habilidades, torna-se profundamente gratificante. A possibilidade de usar poderes elementais e magias em conjunto com ataques físicos abre um leque tático interessante. Arremessar um bloco de pedra na cabeça de um inimigo, como citado nas impressões iniciais, é incrivelmente satisfatório. A inteligência artificial dos inimigos é louvável; eles são agressivos, trabalham em grupo e acertam com força, oferecendo um desafio significativo. No entanto, a jogabilidade às vezes atrapalha a experiência: há uma certa falta de responsividade nos comandos em momentos cruciais, e o sistema de dodge pode reposicionar a câmera de forma desvantajosa. Além disso, existe um sistema peculiar de animação de hits onde, após duas ou três strikes consecutivas, os inimigos parecem quebrar o stun e contra-atacar instantaneamente, o que pode ser frustrante.
A história de Echoes of the End é um dos seus pilares mais sólidos. A premissa é interessante e, após um início um pouco lento, consegue prender a atenção do jogador. A narrativa é linear, sem ramificações, mas bem construída. Os personagens, embora inicialmente possam parecer um pouco planos e presos a arquétipos conhecidos, desenvolvem-se de forma orgânica ao longo da campanha. A dublagem é de alta qualidade, com entregas convincentes e um humor que frequentemente acerta o tom. O world building é excelente, criando um universo que feels vivo e com história própria. O vilão, em particular, é um destaque, evoluindo de uma simples força antagonista para uma figura com motivações complexas. O ritmo narrativo, porém, é afetado pela escolha de design de priorizar puzzles acima de tudo, o que pode criar uma desconexão entre o urgente da narrativa e a pausa deliberada para resolver enigmas.

Falando neles, os puzzles são um capítulo à parte. Eles são, inegavelmente, criativos, desafiadores e extensos. No entanto, a quantidade é tão avassaladora que o jogo parece se transformar mais em um puzzle game com elementos de ação e RPG do que o contrário. Muitos desses quebra-cabeças existem claramente como um mecanismo para inflar o tempo de jogo, criando transições inorgânicas entre a exploração, a narrativa e o combate. Mecânicas de puzzle interessantes são introduzidas e depois abandonadas no próximo capítulo, dando uma sensação de falta de coesão no design de nível, como se cada fase fosse um projeto isolado.
Em conclusão, Echoes of the End é um daqueles raros casos onde a soma das partes é, paradoxalmente, maior que o todo. Os problemas técnicos são reais e impactantes: performance inconsistente, controles clunky e uma câmera problemática. No entanto, a força de sua narrativa cativante, a beleza visual de seu mundo e a evolução prazerosa do combate criam uma experiência que, para o jogador disposto a perdoar suas falhas, é profundamente recompensadora. É um título que hearkens back à era dos jogos AA ambiciosos do PS3/360 – cheio de alma e ideias maravilhosas, mas visivelmente aquém do polimento de um produto AAA.
A recomendação, portanto, é qualificada. Se você é um jogador que prioriza performance impecável e controles afiados acima de tudo, talvez deva aguardar mais algumas patches. Mas se você valoriza uma história envolvente, um mundo lindo para se explorar e não se importa em lutar contra algumas jankiness mecânica para alcançar esses momentos de brilho, Echoes of the End é uma jornada que vale a pena ser enfrentada. É um 7/10 cheio de coração, um testemunho do potencial de sua desenvolvedora e um promissor primeiro passo para um futuro mais polido.
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