Se você, como eu, é um fã do nicho específico de jogos de coletar e batalhar com criaturas, provavelmente já sentiu que a fórmula ficou um pouco estagnada. Surgem muitas cópias de Pokémon e poucas tentativas de realmente inovar. Foi com um misto de esperança e ceticismo que eu comecei a jogar Creature Keeper, um jogo indie que promete misturar esse gênero com elementos de ação e um mundo de fantasia medieval. E depois de horas imerso nesse universo, a sensação que fica é a de estar diante de uma joia inventiva, mas que ainda precisa ser lapidada. É um projeto ambicioso com uma alma incrível, porém visivelmente amarrado por suas limitações de escopo e algumas ausências de qualidade de vida.
Gráficos
A primeira impressão é absolutamente cativante. Os gráficos de Creature Keeper são um deleite visual no estilo pixel art. O mundo é colorido, cheio de vida e os designs das criaturas são simplesmente adoráveis. Os ambientes, embora possam parecer um pouco simples à primeira vista, são detalhados com uma paleta de cores que os torna convidativos. A escolha artística é um acerto total, criando uma identidade visual única que se destaca no mar de indies. No entanto, é possível notar alguns problemas técnicos, como fontes de texto em tamanhos inconsistentes, mas nada que estrague a experiência.
Jogabilidade
A jogabilidade é onde Creature Keeper mais brilha e, ao mesmo tempo, onde mais tropeça. O conceito central é fantástico. Aqui, você não enfraquece monstros e joga uma pokébola. O sistema de doma é baseado em presentear criaturas não hostis com comida para aumentar sua amizade, o que é uma mecânica refrescante e muito mais orgânica. A sensação é realmente a de domar um animal. Além disso, o jogo introduz uma camada estratégica profundíssima com o jardim do santuário. Você planta sementes ao redor dos tiles das suas criaturas para melhorar permanentemente seus status. É um sistema de “farmville” que eu nunca imaginei que gostaria, mas que se mostrou incrivelmente viciante e tático.
Combate
O combate é uma mistura interessante de ação em tempo real e comando tático. Você controla o herói diretamente, esquivando-se de ataques e desferindo golpes com uma variedade de armas, enquanto sua criatura age de forma semi-autônoma, exigindo que você se posicione estrategicamente para ela acertar seus ataques. Diferentes armas têm eficácia variada contra inimigos, adicionando uma camada de preparação. A sensação inicial é muito satisfatória, mas com o tempo, a falta de um botão de corrida e alguns problemas de pacing tornam a exploração um pouco arrastada. A interface durante combates intensos, com muitos monstros aliados e inimigos juntos, pode ficar uma bagunça, dificultando a distinção entre quem é amigo ou inimigo – um problema real em situações de “vamos todos pra cima”.
História
A história de Creature Keeper não vai revolucionar a narrativa dos games, mas é surpreendentemente competente e carismática para o gênero. O enredo se passa em um mundo onde a lenda de um “Divino Sanduíche” é levada a sério, e o protagonista é acusado de ser um “naancrente” (um trocadilho com ‘pão indiano’ e ‘crente’ em inglês, naanbeliever). O tom é leve, humorístico e o world-building é feito com cuidado ao longo da jornada. Os diálogos são charmosos e cheios de personalidade, com personagens que, embora simples, deixam uma marca. A tradução para alguns idiomas, como o chinês, ainda parece sofrer com problemas de localização, com frases que são entendidas mas soam estranhas, e missões que por vezes não são suficientemente claras, podendo levar o jogador a ficar perdido e卡关 (kǎguān – “travado”) por um tempo.
Conclusão
A conclusão sobre Creature Keeper é complexa. Este é claramente um jogo feito com paixão e uma visão clara de inovar um gênero cansado. Os elementos principais, a doma por amizade, o jardim tático, o combate ação/tático e o bestiário que recompensa o completionismo com habilidades e chapéus são absolutamente brilhantes. Se metade do roadmap futuro for implementado, este tem o potencial de se tornar um título amazing, um clássico cult do gênero.
No entanto, na sua state atual, é difícil recomendar sem ressalvas. A experiência é prejudicada pela falta de polimento, alguns bugs remanescentes, problemas de interface e uma certa lentidão no ritmo que pode afastar jogadores menos pacientes. A sensação é a de jogar um Early Access promissor, mas não a versão final.
Portanto, a recomendação final fica condicionada. Se você é um fã hardcore do gênero, com um amor especial por projetos indie ambiciosos e consegue tolerar arestas por serrar para ver a joia por baixo, Creature Keeper é uma experiência única e gratificante.
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