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REVIEW: ZOE Begone! – Um Delírio Retrô Viciante

Se você é daqueles que sente saudade de uma era mais simples nos games, onde a premissa era apenas atirar, desviar e tentar sobreviver mais alguns segundos, mas ainda assim anseia por uma pitada de modernidade, então ZOE Begone! precisa estar no seu radar. Este jogo, desenvolvido com uma paixão palpável pelo estilo antigo, consegue a proeza de se sentir ao mesmo tempo nostálgico e incrivelmente fresco. Vamos mergulhar nos detalhes que fazem desta experiência um título que, apesar de possuir suas exigencias, é difícil de largar.

A primeira coisa que salta aos olhos – e a palavra é usada aqui literalmente – são os gráficosZOE Begone! adota uma estética de animação hand-drawn, claramente inspirada nos desenhos animados de celulóide dos anos 30. Não é apenas um visual “bonitinho”; é uma identidade visual agressiva e caótica que define todo o tom da jogatina. Os inimigos, os cenários e os efeitos parecem ter sido rabiscados diretamente num caderno de esboços de um animador com tendências sádicas.

A sensação é de estar dentro de um cartoon antigo e psicodélico. No entanto, é importante notar que essa escolha artística, embora deslumbrante, às vezes cobra um preço na clareza visual. Durante as fases mais intensas, principalmente no terceiro ato que antecede um chefe, a tela pode se tornar um turbilhão de traços e cores, dificultando um pouco a distinção entre os projetéis inimigos e os elementos de fundo. É um trade-off consciente: estilo em troca de um desafio adicional.

Acompanhando o frenesi visual, temos a trilha sonora. A música em ZOE Begone! é simplesmente eletrizante. Composta por batidas energéticas e melodias cativantes, ela não apenas ambienta o universo onírico e bizarro do jogo, mas também serve como um metrônomo para a ação. O ritmo da música frequentemente se sincroniza com as ondas de inimigos e os padrões de ataques, criando uma experiência quase sinestésica. Os efeitos sonoros são igualmente competentess, com estalidos satisfatórios para os tiros, impactos crus para os golpes corporais e um ruído característico e gratificante para a coleta de itens. O pacote de áudio é crucial para manter o jogador imerso no caos.

O cerne de qualquer jogo do gênero shoot ‘em up (ou “shmup”) é a jogabilidade, e é aqui que ZOE Begone! brilha e, ao mesmo tempo, impõe sua curva de aprendizado. O jogo se classifica como um shmup horizontal, mas com uma sacada inteligente que o diferencia: o movimento vertical e as mecânicas de corpo-a-corpo. A protagonista, Zoe, não se limita a voar e atirar. Ela pode correr pelo chão, saltar, planar no ar mantendo o botão de pulo pressionado (uma decisão de controle que exige um certo tempo para se acostumar, e que alguns jogadores poderiam preferir que fosse um duplo pulo) e, o mais importante, realizar um “dash” e um ataque de “ground-pound” (queda terrestre).

Agora, a parte mais singular e tática da jogabilidade é o sistema de disparo. Dependendo se Zoe está no ar ou no chão, suas capacidades de ataque mudam drasticamente. No ar, o movimento é mais livre, mas o disparo é basicamente limitado à direção horizontal. No solo, no entanto, ela ganha a capacidade de atirar em cinco direções distintas: esquerda, direita, ambas as diagonais e para cima. Essa mudança dinâmica força o jogador a constantemente se reposicionar, alternando entre a mobilidade aérea e o poder de fogo terrestre. É um sistema que pode parecer um pouco complicado inicialmente para um shmup, mas que se revela profundamente estratégico.

Além do tiro, as ações de “dash” e “ground-pound” são multifuncionais. O “dash” não só permite desviar de balas de forma ágil, mas também pode ser usado para atravessar inimigos mais fracos. Já o “ground-pound” é essencial para restaurar recursos. O jogo possui uma barra de energia vital e uma barra de energia para o “dash”. Para recarregá-las, é necessário esmagar itens específicos espalhados pelo cenário – triângulos verdes para a vida e pontos azuis para a energia do dash. Esses recursos são finitos, adicionando uma camada de gerenciamento de recursos à sobrevivência. Derrotar inimigos faz com que soltem maçãs, que funcionam como moeda para comprar melhorias temporárias durante a fase, como escudos, armas mais poderosas ou aumento de velocidade.

Falando em sobrevivência, a dificuldade de ZOE Begone! não é brincadeira. Este é um jogo para fãs hardcore do gênero. Os chefes, em particular, são engenhosos e brutais, exigindo memorização de padrões de ataque e uma execução quase impecável. O sistema de pontuação incentiva jogadas arriscadas e eficientes. Para se destacar nos rankings online, é preciso dominar as mecânicas de combo, que são aumentadas através de sequências de eliminação sem ser atingido e do uso inteligente do “dash” e do “ground-pound”. Uma regra crucial: usar uma “continuação” após o game over reduz sua pontuação pela metade. Para uma pontuação máxima, é necessária uma jogada perfeita do início ao fim, um desafio e tanto até para os mais experientes.

Quanto à história, ela é simples e serve mais como uma desculpa charmosa para a ação. Zoe está tentando dormir, mas um animador insano perturba seus sonhos, preenchendo-os com suas criações malignas. A missão dela é lutar através dessas pesadelos manuais e destruir as ferramentas do ofício do animador, como pincéis e réguas. É um conceito meta-narrativo divertido que se alinha perfeitamente com o estilo visual. Em certos momentos, o próprio animador interfere na jogabilidade, com uma “mão” gigante entrando na tela para causar o caos, adicionando mais uma camada imprevisível ao desafio.

ZOE Begone! ofere uma variedade razoável de conteúdo, com três modos principais: o modo Arcade (a campanha principal), Desafios com tempo limitado e a “Armadilha de Quadros”, que oferece testes de habilidade mais focados. Com três níveis de dificuldade que afetam diretamente a densidade dos projéteis, há uma boa razão para rejogar.

Em conclusão, ZOE Begone! é uma recomendação fácil para os puristas do gênero shmup que buscam uma experiência com personalidade forte e um desafio autêntico. Não é um jogo para todos; seus controles têm nuances que demandam prática e a claridade visual pode ser um obstáculo para alguns. Contudo, para quem se identificar com sua estética retrô única, sua trilha sonora pulsante e sua jogabilidade profunda que recompensa a maestria, a jornada onírica de Zoe se revela uma experiência viciante e profundamente satisfatória. É um daqueles jogos que, apesar de suas asperezas, você se pega tentando “só mais uma vez” repetidamente, na esperança de finalmente alcançar o topo do leaderboard. Se você se enquadra nesse perfil, não hesite: mergulhe de cabeça neste delírio a mão.

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Apaixonado por games desde sempre, tive o prazer de acompanhar grande parte da evolução dos games. RPG, Ação, Aventura, FPS, etc jogo de tudo.

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