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REVIEW: Fresh Tracks – Uma Aventura Rítmica Viciante e Desafiadora

Se você, como eu, cresceu gastando os dedos em Guitar Hero ou deslizando por trilhas coloridas em Audiosurf, sabe que a saudade de um bom jogo de ritmo é real. O gênero teve seu auge e depois parece que entrou em um certo limbo, com poucas novidades realmente empolgantes. Foi com esse sentimento que me joguei de cabeça em Fresh Tracks, um jogo indie que promete misturar a precisão dos rhythm games com a repetitividade viciante dos roguelikes. E preciso dizer: a aposta foi mais do que bem-sucedida.

A primeira coisa que salta aos olhos – e acredite, é de cair o queixo – são os gráficos. Fresh Tracks é visualmente deslumbrante. A arte do jogo é uma mistura perfeita de estética nordica, com cenários wintery cheios de detalhes, e uma explosão de cores que dança junto com a música. Não é só um cenário bonito de fundo; ele interage com a gameplay. Os obstáculos, as pistas de luz e os efeitos visuais são todos sincronizados perfeitamente com a batida da trilha sonora, criando uma imersão sensorial difícil de descrever. Você não só ouve a música, você a vê e a sente. A direção de arte é impecável e, sozinha, já vale a experiência.

E falando em experiência sensorial, o som é, obviamente, a espinha dorsal de qualquer jogo do gênero. E aqui, Fresh Tracks não apenas acerta, mas crava um gol de placa. A trilha sonora é simplesmente fantástica. As músicas são originais, variadas e incrivelmente cativantes. Passei boa parte do tempo cantarolando as tunes mesmo depois de desligar o PC – e olha que perdi mais de 1 milhão de lutas contra um chefão específico, então ouvi a mesma música umas cem vezes. A mixagem de áudio é precisa, permitindo que você distinga cada nota e efeito sonoro crucial para a jogabilidade, sem que nada sobreponha o prazer puro de ouvir as tracks. A única ressalva, e é uma que dói um pouco, é o número limitado de músicas. Você acaba repetindo as mesmas faixas muitas e muitas vezes durante as runs, o que pode levar a uma certa saturação. É um ponto que os desenvolvedores certamente podem (e devem) expandir com futuros updates.

Agora, o cerne da questão: a jogabilidade. Como funciona Fresh Tracks? Imagine que você está em um par de esquis, descendo uma montanha cheia de obstáculos, mas cada movimento seu precisa ser sincronizado com a música. A jogabilidade é surpreendentemente complexa. Você controla o movimento para os lados, inclinações, pulos, agachamentos e, a cereja do bolo, golpes de espada em diversas direções. Tudo isso mapeado para botões que precisam ser apertados no timing exato ditado pela música. A curva de aprendizado é íngreme, mesmo na dificuldade mais fácil. Não é um jogo para brincar. Exige coordenação, memorização de padrões e reflexos rápidos. É o tipo de desafio que, quando você finalmente consegue completar uma música difícil sem errar, dá uma sensação de realização enorme.

A estrutura de roguelike é o que amarra tudo. Cada partida é uma run única. Você começa do zero, vai desbloqueando poderes e upgrades temporários durante a descida, e se morrer, volta tudo ao início. Isso cria uma progressão muito viciante, daquelas de “só mais uma tentativa”. No entanto, há um ponto negativo nesse design. Após derrotar um boss, o jogo te reinicia completamente. Para enfrentar o próximo chefe, você precisa repetir toda a sequência anterior, derrotando os chefes que você já venceu antes. Isso pode se tornar repetitivo e um pouco frustrante, quebrando um pouco o ritmo da progressão.

Quanto à história, Fresh Tracks não se apoia muito numa narrativa complexa. O enredo é simples, servindo mais como uma desculpa para colocar você naquela world snowy e enfrentar os tais bosses. Há um charme na simplicidade e no tom da escrita, que é leve e um pouco humorada, mas não espere reviravoltas épicas. O foco aqui é a ação rítmica, não a trama.

Durante minha jogatina, notei alguns bugs técnicos menores. Em certos segmentos específicos de algumas músicas, havia um lag ou um delay perceptível, sempre nos mesmos pontos. Não era algo constante, mas enough para atrapalhar o combo perfeito. Outro pequeno problema era um bug de UI onde o nome de um boss aparecia incorreto no menu de seleção. São issues que, espera-se, serão corrigidos com patches, mas que no momento estão presentes.

Conclusão: Vale a Pena?

Fresh Tracks é um jogo cheio de alma. Você sente a paixão e o talento dos desenvolvedores em cada pixel, em cada nota musical, no design cuidadoso das pistas. Ele evoca com maestria a intensidade dos rhythm games clássicos, mas agrega mecânicas modernas de roguelike que o tornam único e viciante.

Os pontos negativos – a repetição de músicas, a necessidade de refazer chefes e os pequenos bugs de sincronia – são perceptíveis, mas não chegam a arruinar a experiência sólida e divertidíssima que o jogo oferece. É uma alternativa fantástica para quem quer a experiência de um Beat Saber mas não tem um VR, ou para quem simplesmente quer um rhythm game robusto e desafiador para as mãos.

Se você é fã do gênero, Fresh Tracks é uma recomendação fácil. É daqueles jogos indie que merecem todo o sucesso e apoio. Com alguns ajustes e, quem sabe, mais conteúdo no futuro, tem tudo para se tornar um clássico instantâneo. Prepare os dedos, porque vai doer, mas vai valer muito a pena.

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RPS Games
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Apaixonado por games desde sempre, tive o prazer de acompanhar grande parte da evolução dos games. RPG, Ação, Aventura, FPS, etc jogo de tudo.

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